Bird’s Teardrops || Estas Tonne feat. Peia || Ashland, Oregon 2018
Carregar uma carga pesadíssima, encosta acima.
Querer desistir, e não poder.
Ter como única opção, continuar… mesmo que, no horizonte do tempo se perspective apenas a exaustão, e a provável falência física do organismo.
A história de Sísifo é essa, sendo que, a cada vez que o topo é alcançado, novamente a carga cede ao chamamento gritante da gravidade, e rola, encosta abaixo. Nada menos que uma tragédia para um carregador já esgotado.
A ideia do recomeço do esforço previamente condenado ao fracasso, da repetição do ciclo, é devastadora.
Na história da humanidade, a repetição de avanços e recuos parece ser uma constante.
A sucessão de eventos bélicos configura uma onda de ciclo curto, à qual parecemos não conseguir fugir.
Não passamos muito tempo sem as malditas guerras.
Quando parece que, enquanto espécie, encerrámos esse capítulo e estamos finalmente em ascensão a um novo patamar verdadeiramente civilizado, a carga que transportávamos encosta acima, cede também ao chamamento gritante da gravidade.
Cá vamos, novamente…
.
Interrogo-me se não haverá também uma onda de ciclo longo… MUITO longo…
Essa onda teria potencial para fazer desaparecer totalmente da face do planeta, a nossa memória civilizacional.
Não digo que nesse dilúvio, fosse eliminada a totalidade da nossa espécie. Apenas a memória colectiva do estado evolutivo máximo a que chegámos em cada inflexão da vaga.
Recomeçaríamos novamente, evoluindo do zero, Homens e Mulheres Sapiens, criando o fogo a partir da fricção de paus, MAS… rodeados de magníficos monumentos, herdados de um passado que não conseguíamos caracterizar, e inexplicáveis pelo nosso percurso conhecido.
Por mais uns milénios… empurrando a carga, nova e penosamente, encosta acima.
Como terá corrido a subida anterior? Teremos “também” falhado na solução para o colapso climático? Teremos “também” falhado na contenção e reversão da auto-infligida ameaça nuclear?
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