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Thursday, April 28, 2022

[ Nick Cave got it right ]


POST SOUNDTRACK

https://www.youtube.com/watch?v=LnHoqHscTKE


Nick Cave got it right

Tal como ele, há muitos anos que também eu "…don´t believe in an interventionist God".

Cheguei a esta ideia de forma muito racional (por oposição a dogmática)… da mesma forma, aliás, que cozinho todas as minhas ingénuas conjecturas sobre a transcendência.

É para mim claramente impossível que alguém (ou algo), tenha mão nesta imensa engrenagem chamada "história da humanidade". Nesta engrenagem, existe uma gigantesca roda dentada (com dentes bem aguçados) a qual, ao ritmo de rotação das voltas do todo, vai lenta e implacavelmente trucidando muitas e muitas pequenas existências individuais, das quais os gritos se ouvem bem alto. Esses gritos, por vezes gerados pela dor de quem se vê no mais tenebroso dos infernos, em nada perturbam o andamento da dita roda, ou as rotinas do todo que a compõe.

O sofrimento destas almas é autêntico, por vezes muito intenso, por vezes desesperado… por vezes louco.

Na origem deste sofrimento estão por vezes causas que se arrastam no tempo, e esse sofrimento é de longa duração… Tem por vezes a duração de vidas. Esse sofrimento também tem, por vezes, causas breves… de apenas segundos, de apenas minutos, de apenas horas ou dias… mas de uma intensidade insana.
Esse sofrimento tem por vezes como causa a constatação e observação, ou a vivência partilhada, do sofrimento das vidas outras que mais prezamos… Haverá sofrimento maior?


Quantos biliões de episódios de desespero absoluto, e tão frequentemente inocente, já se viveram nesta novela?

A entidade que habita esse outro plano de existência, e que por razão da sua inoperância, tem, dedutivamente, que estar impossibilitada de capacidade de intervenção, só pode ser um espectador muito deprimido.

Enquanto passageiro atento desta transição pelo plano da existência física, já constatei a verdade de uma relação entre sofrimento e evolução espiritual… Mas  #@%*$#;±>£…  Quantas almas genuinamente boas já se ajoelharam e rezaram desesperadamente, com toda a força da sua crença, suplicando fervorosamente a tal intervenção propiciadora do fim do inferno, para si… para os inocentes seus… Quantas dessas almas genuinamente boas acabaram literalmente numa fornalha ardente… saindo em cinzas pelo alto de uma chaminé…

Sempre achei que a nota prevalecente na análise transversal às conquistas sociais e morais da história da humanidade fosse o Progresso. Achei que a transposição histórica de certos obstáculos, trazia consigo a impossibilidade do retrocesso, e que o tempo da rezas desesperadas e infrutíferas, oriundas de grandes massas de gente que atravessa o inferno na terra, não voltasse ao mundo civilizado.

I got it wrong…