Os meus primeiros desenhos dignos desse nome foram feitos a partir de ossos, couves, aipos…
Nesses trabalhos entreguei-me, rendido, à transposição para o papel da fascinante complexidade dessas formas orgânicas. Acabei a desenhar crâneos de borrego com sangue de galinha.
A natureza sabe bem aquilo que faz.
De tal forma me identifico com o resultado dessas tardes artísticas que eis que chego à maturidade da idade adulta com duas dessas representações ainda penduradas nas paredes da nossa sala.
Essa familiaridade com o universo dos referentes trazidos das idas à praça no mercado da ribeira, e aos talhos amigos, de entrecampos e de alvalade, fez com que perante o pedido de produção de uma representação de "bróculos", destinada a ilustrar uma publicação com recomendações alimentares para diabéticos, eu tenha sido de imediato transportado pela memória, para o jogo de sobreposição de talos e nervuras com modulações orgânicas e respectivos jogos de sombras.
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