Tuesday, December 31, 2013
Thursday, December 5, 2013
Thursday, November 14, 2013
Friday, November 1, 2013
[ Directo do baú ]
Folhear cadernos antigos tem esta vertente de redescoberta… de repente passam a cadernos novos dado que se vão ver coisas que já não constavam do registo da nossa memória.
Saturday, October 5, 2013
[ esboço de como cai o pequeno homem… ]
O que eu sei:
… de se aperceber de que a posição forçada do pé provocara o colapso da postura, até ter a informação visual de que o seu rosto se aproximava rapidamente do chão, passaram milésimos de segundo… a velocidade a que a electricidade percorreu os nervos através da coluna vertebral, até ao cérebro, que por sua vez enviou novos impulsos aos músculos convocados para os movimentos seguintes, não deixa margem para dúvidas… Não ocorreu qualquer processamento racional de informação… o que se sucedeu foi obra de puro instinto… Tal como as criaturas desprovidas de raciocínio existem, funcionam.
… O corpo cadente, em modo de autogestão, desencadeou os automatismos que possibilitariam a dissipação da energia deflagrada na queda, e, eventualmente, o aproveitamento de parte dessa energia para a elevação sequencial da massa corporal.
A dotação com, e a activação deste tipo de mecanismos só é explicável através de uma conclusão… o pequeno homem tem que ter dedicado horas incontáveis ao ensino do seu corpo. A perfeição do movimento só pode ter sido alcançada por uma via que implicou forçosamente muitas escoriações, e deixa inclusivé em aberto, a possibilidade da ocorrência passada de traumatismos graves. Desta vez, contudo, saiu ileso do episódio.
O que eu procuro:
(ou) A busca implícita no esboço:
… o corpo de Okama precipita-se em direcção ao chão… o corpo de Okama responde…
como colocou os braços, onde ficaram as mãos que entretanto continuaram a agarrar o seu bo? … como se movimentaram as pernas? qual delas deixou primeiro o chão? qual delas chegou primeiro ao chão? como protegeu ele a cabeça?
… Qual a forma mais expressiva de REPRESENTAR TUDO ISTO…?
Saturday, September 28, 2013
[ Auto da Barca do Inferno – Cena VIII _ O Judeu ]
Jud. Que vai cá? Hou marinheiro!
Dia. Oh! que má-hora vieste!
Jud. Cuja é esta barca que preste?
Dia. Esta barca é do barqueiro.
Jud. Passai-me por meu dinheiro.
Dia. E esse bode há cá de vir?
Jud. Pois também o bode há de ir.
Dia. Que escusado passageiro!
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno
Num post anterior, enquanto o trabalho ainda estava em curso, publiquei um esboço do Judeu do Auto da Barca do Inferno. Era um estudo já muito próximo do final…
Esta é a versão que foi impressa.
Tuesday, September 24, 2013
Saturday, September 14, 2013
Monday, September 9, 2013
[ …a Torre de Belém ]
A torre foi o desenho cuja execução menos entusiasmo me deu.
… Gosto bastante do resultado, entenda-se, mas… No trabalho de ilustração tiro especial prazer dos pormenores, das texturas e da expressividade. A torre, enquanto símbolo de Lisboa, era o referente que mais me limitava.
As gaivotas estão lá. São as mesmas da praia e de alguns outros enquadramentos. Se há mar por perto elas aparecem.
Sunday, September 1, 2013
[ A guitarra portuguesa… de Lisboa ]
Desenhar uma guitarra portuguesa, enquanto símbolo de Lisboa…
A primeira fase consiste em procurar imagens e estar desperto para conhecer um pouco mais sobre o instrumento. Rapidamente me apercebi de que há guitarras portuguesas de Lisboa, e guitarras portuguesas de… Coimbra. Esta diferença materializa-se em características formais diferentes, que obviamente se reflectem na sonoridade, e… no desenho.
Sunday, August 25, 2013
[ O quiosque vermelho da avenida… ]
Realizar este trabalho para a CML deu-me uma satisfação enorme.
Sintoma inequívoco disso mesmo é quando, estando a trabalhar, dou repentinamente comigo, com um sorriso contemplativo direccionado ao ecrã… quer dizer que a coisa está a correr bem. Na elaboração destas quatro ilustrações isso aconteceu várias vezes.
Por se destinar a mupis e outdoors, fiz os originais num formato grande, o que permitiu ir a um grau de pormenor bastante apurado, tanto no desenho, como posteriormente na cor.
Tanto no quiosque como no eléctrico (editado no post anterior deste blog) foi necessário representar vidro, reflectindo a envolvente posterior. Na relidade observada, existe uma diferença entre a linguagem do objecto reflector (o quiosque com janelas de vidro) e a imagem reflectida… Aqui foi necessário transpor esse diferença para a ilustração.
O jogo de sombras traz a ilustração para a vida… Em qualquer ilustração, só quando chego à aplicação das sombras é que fico verdadeiramente descansado, conseguindo ter uma noção exacta do que vai ser o resultado final. Aqui tive muito com que me entreter.
Sunday, August 18, 2013
[ Eléctrico 28 ]
O nr 6 da Revista Lisboa, distribuída gratuitamente pela Câmara Municipal de Lisboa aos seus munícipes, tem na página 31 uma referência à campanha Lisboa é de todos. Esta campanha, promovida pela CML, é destinada a cidadãos estrangeiros a residir em Lisboa há mais de dois anos, e informa-os de que podem votar nas eleições autárquicas.
Utiliza 4 ilustrações de 4 símbolos da cidade de Lisboa.
Sunday, August 11, 2013
[ Lisboa à beira rio ]
A revista Lisboa é uma publicação da Câmara Municipal de Lisboa. É um dos veículos de comunicação mais directos entre a instituição e os seus munícipes.
Um dos temas dominantes nesta edição (click para link) é o da recuperação de parte da frente ribeirinha lisboeta. Um tema com o qual tive contacto directo, dado que frequentemente, ao fim do dia, percorro a pé a zona em causa. Acompanhei obras, andei sobre o pó de cimento, tropecei nas pedras soltas e finalmente recebi com agrado a notícia da renovada disponibilidade deste troço.
A ilustração é precisamente sobre a maravilha desse local a essa hora, e sobre a forma como a proximidade do rio conjugada com a luz do fim do dia alimentam alguma esperança por dias melhores.
A moça que representei é bastante nova, e alude sem rodeios ao futuro… realmente ao dela, e simbolicamente ao de todos nós.
Espero que os seus sonhos realmente se realizem… e simbolicamente os nossos também.
Monday, August 5, 2013
[ Desculpe mas esqueci-me ]
CarrosselMag é uma nova revista Online.
Na edição desta segunda feira é possível encontrar Desculpe, mas esqueci-me, título de um texto de Joana Stichini Vilela.
O conjunto de fotografias representado, alude à memória… a colecção de post-its com "lembretes" refere-se ao esquecimento…
Este é o tema do texto com o qual, lamentavelmente, me identifiquei em vários momentos da leitura.
Em cima da mesa está, entre outras coisas, um livro… Está relacionado com a opção de não trocar a leitura manuseadora destes maços de papel encadernado, pelo deslizar de dedos nos ecrãs de um qualquer suporte digital de ebooks. Também eu não troco… especialmente um Hemingway.
Clickando na imagem liga-se ao artigo.
Sunday, July 28, 2013
[ Ilustração para separador .2 ]
Outro dos separadores do livro Diálogos 9, da Porto Editora.
Este para "texto narrativo em prosa".
Na biblioteca da escola foi colocado um painel com uma imagem alusiva ao universo queirosiano. A fotografia tem um tom sépia,… uma linguagem envelhecida. É possível colocar a cabeça na abertura existente no painel e, por instantes, encarnar na figura feminina ao lado do escritor.
Tuesday, July 23, 2013
[ A fonte ]
YDreams
Animação _ CENA 1
O guarda florestal faz, de balde na mão, o percurso pedonal entre a casa e a fonte.
O dia é mais um como muitos na serra… frio, nublado, fustigado pelo vento do enorme vale glaciar.
Thursday, June 27, 2013
[ Lisboa é de Todos ]
Lisboa é de Todos
Making of
o Quiosque, O ELÉCTRICO, a Guitarra, a Torre de Belém
( Click na imagem para ver maior )
( Click na imagem para ver maior )
Conheça a campanha completa no Behance
Wednesday, June 19, 2013
[ Auto da Barca do Inferno – Cena V _ O sapateiro . imagem II]
Anj
Essa barca que lá está,
leva quem rouba de praça
Ó almas embaraçadas!
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno
Não pode ser fácil… simplesmente não pode.
Ver a entrada negada logo pelo anjo… pelo imediato representante da misericórdia divina…
O sapateiro argumenta como pode: as idas à missa, as dádivas monetárias para as causas dos santos… para nada, parecem ter servido.
Imaginei-o aflito, acariciando a careca como quem faz festas a si próprio, olhando para o lado e fazendo-se de baralhado… não querendo encarar o anjo nos olhos. O anjo, por seu turno, pendura-se da amurada só com um braço, para chegar mais perto do pequeno sapateiro, fala-lhe baixinho palavras de conteúdo bravio. O outro braço aponta-lhe o destino… Manda-o para o diabo que o carregue.
O tratamento que idealizei para o anjo, à semelhança de toda a construção do capítulo dedicado ao Auto da Barca do Inferno, serve este duplo contexto: por um lado, representa uma peça teatral encarada como tal (o assumido cenário das barcas, as máscaras do capeta e do anjo etc.), por outro, a realidade da própria acção, permitindo a leitura de que aqueles acontecimentos se estão a dar no momento da ilustração (como se de uma fotografia se tratasse).
Esse duplo sentido é muito claramente sugerido pela caraterização desta personagem (bem como pela do diabo), feita com uma máscara que remete para a aparência de um anjo barroco, bochechudo, e de cabelo encaracolado loiro. Percebe-se no entanto que se trata realmente de uma máscara, podendo assim existir um actor a envergá-la, ao invés daquela figura ser verdadeiramente o próprio anjo.
Monday, June 10, 2013
[ 21 cartas de amor ]
A associação Abraço, para comemorar os seus 21 anos, lançou um livro chamado "21 cartas de amor". 21 autores escreveram 21 cartas, ilustradas por 21 ilustradores. Ethel Feldman, editora da revista Abraço, fez-me o simpático convite de ilustrar o texto do Ricardo Adolfo. O livro teve o seu lançamento na FNAC do Chiado, em Lisboa, no passado dia 05 de JUN.
"Há 525600 minutos atrás estavas linda de chorar. O teu vestido preto
justinho, de costas decotadas, era maravilhoso. Podia ter desmaiado quando te
viraste. O detalhe do colar de pérolas virado para trás era deslumbrante. De
frente estavas radiosa, de costas magnífica. Para tornar tudo ainda mais
perfeito, continuas tão bela que cada vez que te vejo sinto uma dor no externo.
Foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado. Perdoa-me ter
demorado tanto a aceitar o nosso destino. Mais uma vez, tu viste primeiro. Se
não fosse o meu retardamento emocional, já poderíamos viver neste estado
ilegal de felicidade há muito tempo. Prometo tentar tudo para compensar os dias
miseráveis que desperdiçámos em vão."
texto de Ricardo Adolfo
"21 cartas de amor". Porto Editora. Associação Abraço
Saturday, June 1, 2013
[ o rapaz e o avião ]
Outra das ilustrações que deram origem à animação da YDreams. Aqui, além do desacerto de planos gerador da dinâmica anteriormente descrita, existe ainda um outro plano idependente que permitiu ter uma criança a correr, brincando com um avião de madeira. Nos três frames da parte de baixo da imagem é possivel ver a sua deslocação.
Saturday, May 18, 2013
[ Os lobos ]
Há muito que alimento a ideia de vir a dar vida a um destes instantâneos de realidade imaginada… Ter a bonecada a mexer gerando interacção entre os vários elementos da imagem…
Neste trabalho fiquei um bocadinho mais perto de alcançar esse objectivo. A YDreams concebeu para um dos seus clientes um conjunto de animações, construídas a partir de ilustrações, cada uma delas estruturada em vários planos. Esses planos são depois movimentados entre si criando a animação final. Por vezes há também elementos que aparecem e desaparecem construindo uma micro narrativa.
O lisonjeiro convite de elaboração das ilustrações foi-me dirigido, e eu respondi com redobrado gozo… tratava-se não só de ilustrar, como ainda por cima, de trabalhar com algumas imagens de enquadramentos naturais da serra da estrela… em algumas dessas imagens (como a que está aqui por cima) aparecem bosques outonais que me recordaram as tardes de novembro que passamos nos soutos das encostas íngremes da serra, a apanhar castanhas de ouriços selvagens, abertos com o canivete e com a ajuda de um pau apanhado do chão, para descobrir, a cada vez, dois ou três lustrosos frutos. As mãos estão geladas e o ar está frio. A sensação é tão boa que de vez em quando paro, agacho-me encostado a uma árvore carregada de musgo húmido, e contemplo o cenário envolvente…
O reultado da animação pode ser visto numa deslocação à casa museu dos guardas florestais em Manteigas.
Sunday, May 5, 2013
[ O frade ]
Começou o Frade a dar lição de esgrima com a espada e broquel, que eram de esgrimir, e diz desta maneira:
Fra.
Pera sempre contra-sus!
Um fendente – ora, sus! –:
esta é a primeira levada.
Alto! Levantai a espada!
Metei o diabo na cruz,
como o eu agora pus!
Sa’ coa espada rasgada,
e que fique anteparada!
Talho largo, e um revés;
e logo colher os pés,
que todo o al não é nada!
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno
A dança bélica do Frade é composta por vários movimentos tácticos próprios da luta com espada (contra-sus, fendente, sus, talho largo, revés…), encenados ao longo de uma movimentação que se desenrola pelo palco. Esta cena levou-me a representar o frade-guerreiro em algumas dessas posições técnicas, e com diferentes graus de proximidade/afastamento, na tentativa de transmitir a noção de movimento.
Saturday, May 4, 2013
[ O onzeneiro ]
"Vem um Onzeneiro, e pergunta ao Arrais do Inferno, dizendo:
Onz.
Pera onde caminhais?
Dia.
Oh, que má-hora venhais,
onzeneiro meu parente!
Como tardastes vós tanto?"
Por vezes a integração da ilustração no layout obriga a soluções de compromisso que requerem um pouco mais de ponderação. Aqui, a figura do diabo, bem como o fundo da ilustração (a barca em plano de fundo) são cortados a um determinado nível pela mancha de texto, mas a figura do onzeneiro prolonga-se abaixo desse nível, como se estivesse destacada do resto da ilustração. Esta solução, embora confira mais profundidade ao desenho, devido ao acentuar da diferença de planos, contraria aquilo que foi o meu método geral de concepção dos desenhos. Esse método consistia em desenhar elementos cujos recortes exteriores se adaptassem às manchas já presentes no layout já existente (textos, títulos, notas etc.) de forma a que uns e outros nunca se interceptassem. … Um pouco como se todos os elementos fizessem parte de uma realidade virtual, nunca se entrecortando.
À direita está o anjo e a sua barca… de difícil acesso diga-se.
Friday, April 26, 2013
[ Auto da Barca do Inferno – Cena V _ O sapateiro ]
Grande parte do trabalho para o "Diálogos 9" da Porto Editora é dedicada ao Auto da Barca do Inferno, Escrito por Gil Vicente, representado pela primeira vez em 1517.
Ao reler os textos que compõem a obra voltei a constatar como muita desta sátira parece talhada em função do panorama dos dias de hoje.
Na actualidade das suas obras de crítica social, ao enorme talento de autores como Gil Vicente e Eça de Queiroz, alia-se a efectiva estagnação ética e conportamental da sociedade analisada de forma transversal.
Esta ilustração é uma das que me deixaram mais satisfeito. Fiquei especialmente contente com o tratamento para o personagem d'O Diabo, (o capeta, o tinhoso, o cornudo, o belzebu), capitão e timoneiro do batel infernal.
Ao considerar eventuais características formais para representar esta figura houve uma imagem que imediatamente tomou conta da minha imaginação… a dos caretos transmontanos… figuras da cultura popular portuguesa que sempre me fascinaram.
O seu carácter assustador e a atitude persecutória… as máscaras misteriosas e intimidatórias… as cores vivas, como se de animais exóticos se tratasse.
À sua frente o sapateiro intimidado mas ao mesmo tempo zeloso pelo que é seu… condicionado tanto pelo medo como pelo sentimento de propriedade.
[ O velho avarento ]
(…)
"Dez moedas! (diz o avaro)
Meu sangue não desperdiço:
Dez moedas por um olho!
O outro dou eu por isso."
Manuel Maria Barbosa du Bocage, Opera Omnia
Saturday, April 13, 2013
[ Sophia ]
A minha proposta de capa para o Diálogos 9, livro escolar de português da Porto Editora, continha pequenas imagens representativas de alguns autores da língua portuguesa. Entre eles está Sophia de Mello Breyner Andresen. Este esboço foi depois complementado com cor e colocado no conjunto final, mas, devido à articulação com os restantes elementos gráficos do layout (a publicar num post posterior) acabou por ficar escondido quase na totalidade.
[ o louco ]
… olhar para o espaço em branco sabendo que ali terá que entrar "o louco" do Auto da Barca do Inferno… fazer das reentrâncias e saliências do texto, o molde das articulações do seu movimento… deixar a mancha disponível na página fazer a sua sugestão…
Gosto deste jogo durante o qual olho imóvel para uma folha impressa, sem pestanejar. Quem me vir dirá que não estou cá. Como um computador, a minha mente analisa hipóteses projectando-as uma após a outra no espaço vazio, …ajusta pormenores, molda elementos.
Quando estiver a desenhar irei inclinar a cabeça para o lado e cemicerrar os olhos, chegarei mesmo a fazer "caretas" como se isso influenciasse a caneta na obtenção da expressão pretendida. Neste caso particular é bem possível que tenha chegado a contorcer a mão, …do louco.
Gosto deste processo.
Sunday, March 31, 2013
[ O meu pé de Laranja Lima ]
"Ainda tonto de dor fui arrancando a lasca da garrafa. Gemia baixinho e via o sangue se misturando com a água suja do valão. E agora? Consegui com os olhos cheios d’ água retirar o vidro, mas nem sabia como estancar o sangue.
Apertava com força o tornozelo para diminuir a dor. Tinha que aguentar firme.
Estava perto de chegar a noite e com ela, viriam Papai, Mamãe e Lalá. Qualquer um que me pegasse me batia. Podia até que cada um me pegasse em três surras divididas. Subi desorientado a barreira e fui me sentar pulando num pé só debaixo do meu pé de Laranja Lima. Ainda doía muito mas já passara a vontade de vomitar."
José Mauro de Vasconcelos, Meu Pé de Laranja Lima
Por vezes não há imagens das quais nos possamos socorrer para servir de base ao que pretendemos desenhar. Se procurarmos um enquadramento, um jogo de luz, ou um ângulo demasiado estranhos, dificilmente arranjaremos uma imagem já existente detentora dessas características.
Se, por acréscimo o tempo for pouco, não há então outra opção, se não, recorrer ao extenso arquivo de memórias e ao simulador da imaginação para guiar a mão na geração de formas que não existiam materialmente até a ilustração estar completa. Foi o que aconteceu na ilustração acima apresentada.
Ontem, coincidindo com a única nesga de sol dos últimos dias, eu e o meu pai tivemos oportunidade de observar que as cegonhas já têm filhotes no alto dos ninhos. O que é que isto tem a ver com ilustração? … por enquanto nada. Mas no futuro nunca se sabe.
A actividade de submissão de comentários voltou a sofrer alterações… Agora chamei a mim a decisão de considerar, e publicar, ou não, os comentários submetidos. Estou então um pouco como um censor, mas espero poder assim livrar-me das mensagens publicitários travestidas de comentários. A modalidade anterior, por obrigar a um processo mais demorado, foi considerada dissuasora de participação, … o que não é de todo o pretendido. A partir de agora voltamos à versão em que deixa de ser nesseçário qualquer registo, bastando para tal escolher a opção anonymous.
A actividade de submissão de comentários voltou a sofrer alterações… Agora chamei a mim a decisão de considerar, e publicar, ou não, os comentários submetidos. Estou então um pouco como um censor, mas espero poder assim livrar-me das mensagens publicitários travestidas de comentários. A modalidade anterior, por obrigar a um processo mais demorado, foi considerada dissuasora de participação, … o que não é de todo o pretendido. A partir de agora voltamos à versão em que deixa de ser nesseçário qualquer registo, bastando para tal escolher a opção anonymous.
[ Conto de Gabriel García Márquez ]
“Tratava-se
de um siso inferior. O dentista abriu as pernas e apertou o molar com o alicate
quente. O alcaide aferrou-se aos braços da cadeira, aplicou toda a força nos pés
e sentiu um vazio gelado nos rins, mas não soltou um suspiro.
O
dentista moveu apenas o pulso. Sem rancor, mas com uma espécie de amarga ternura,
disse:
– Aqui
paga-nos vinte mortos, tenente.”
Gabriel
García Márquez, in Contos Completos (1947-1992)
Saturday, March 23, 2013
[ António Lobo Antunes ]
[ Ilustração para separador ]
No final de 2012 iniciei uma nova colaboração com a Porto Editora. Foram três meses de ilustração para o próximo manual de português do 9° ano de escolaridade.
À semelhança do que já havia sucedido anteriormente foram-me colocados desafios interessantes. O que mais gostei de resolver foi novamente a adaptação do desenho aos espaços disponíveis na página. Aquilo que à partida constitui uma limitação é na verdade o motor de um exercício de criatividade que acaba por gerar soluções interessantes. Muitas vezes o espaço disponível "sugere" posturas e enquadramentos diferentes, que de outra forma poderiam não chegar a ser uma opção.
Saturday, February 23, 2013
[ untitled ]
Depois de um 2012 a ilustrar muito pouco, este ano começou com bastante trabalho em mãos… Na verdade, a azáfama ainda apanhou parte do mês de Dezembro… Esse trabalho aparecerá por aqui depois de ser publicado no formato a que se destinou.
Não tem sobrado muito tempo para alimentar o blogg, mas material não falta.
Mudei-me de armas e bagagens para a sala, onde as noites são mais quentes e posso ir trocando dois dedos de conversa com a João enquanto vou riscando papel.
A mesa está forrada por folhas com bocados deixados em branco…
Foi numa dessas folhas que surgiu o conteúdo deste post.
Ao ver uma nesga de vazio no estilhaço de papel, a minha Sakura Pigma Mikron 01 pura e simplesmente não resistiu…
NOTA: Por repetidamente os posts deste blogg estarem a servir para alojar comments falsos que são na realidade mensagens publicitárias para artigos desconhecidos, e principalmente porque localizar e apagar essas mensagens dá demasiado trabalho, vi-me forçado a alterar o processo de validação desta funcionalidade. Passámos do democrático "everyone" para o um pouco mais restritivo "registered user", que contudo ainda aceita open ID. Assim ficará em fase experimental até a avaliação de resultados se mostrar conclusiva.
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