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Sunday, July 3, 2011

[ Traço #1 ]




A Egoísta nr 46 está impressa e a circular… Esta edição é dedicada ao traço.
Neste número destacam-se os trabalhos do João Lourenço, do Marco Mendes e do Ricardo Cabral por serem trabalhos de grande qualidade e estarem estes autores em estreia de colaboração com a Egoísta.
Manifesto profunda admiração por estas três linguagens, muito diferentes, mas qualquer uma delas impressionante.
Eu tenho mais uma vez o prazer de poder participar na construção temática deste número. Sendo o tema "traço" pensei fazer a relação com o mesmo, não através do conteúdo (como aconteceu na Liberdade), mas desta vez através da forma… materializar o trabalho sem recorrer a cor digital… apenas com "traço".
Tratou-se de levar mais longe uma linguagem que já havia trabalhado em algumas ilustrações… Desta vez ao extremo. Mais uma vez constatei que a cada experiência novos caminhos se abrem, e muitas vezes olhando para trás é possivel assinalar momentos concretos de um percuso, que constituem marcos de redireccionamento para a actualidade. Este trabalho poderá ser um desses marcos… Já deu início a algo novo no meu trabalho. O tempo dirá se se trata de uma auto-estrada ou de um beco sem saída.
Os esboço de samurais e danças de sabres a cortar o ar detinavam-se a este trabalho.
A pequena estória não é só um suporte para um grande molho de traços… é também um convite à reflexão sobre um mundo de sociedades estratificadas e mais concretamente sobre o contacto casual entre estratos… como por exemplo quando um burguês citadino europeu é abordado no ócio de uma praia do sul da velha europa, por um plebeu senegalês que passa 6 meses do ano longe da sua mulher e dos seus 6 filhos, percorrendo diáriamente 12 km pela areia, debaixo de um sol escaldante, a tentar vender artesanato da sua terra natal, muitas vezes (40 dias seguidos) sem comer nem beber desde o nascer do sol e até o sol se pôr, por ser um seguidor devoto do islamismo.
Muitos desses burgueses europeus humilham-no e escarnecem da sua condição de homem do povo e estão tão confiantes no seu estatuto…

Num dos meus posts anteriores afirmei a minha adesão à rede Behance. A Behance network revelou-se muito útil no desenvolvimento deste trabalho… obrigou-me a redesenhar algumas situações que tinha dado por finalizadas e introduziu algumas dores de cabeça no processo de concepção de outras situações ainda por desenhar. Tudo isto porque é uma forma excelente de contactar com uma grande quantidade de trabalhos do mundo inteiro. Alguns desses trabalhos são assombrosamente bons… Depois de os vermos olhamos para o nosso trabalho de outra maneira, mais exigente, muito mais exigente… e reformulamos por vergonha, e evoluímos no processo. Se fosse hoje já refaria algumas destas situações.
Como digo sempre que falo deste tópico, nesta área como em qualquer área criativa a cultura visual é uma das componentes mais importantes para a construção de um trabalho consistente.

Clicando nas imagens é possivel vê-las maiores, e ler…




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