A imagem não reproduz uma ilustração.
Trata-se de um desenho concebido como um fim em si mesmo… caneta preta sobre papel Fabriano (50% cotton) de 300 gr, formato 700 * 700mm
(… No photoshop here…).
(… No photoshop here…).
Estas folhas… grossas e levemente texturadas, são enormes áreas de papel que pedem ruidosamente para serem desenhadas… Uau!
Este exemplar, em termos de referente e técnica, encaixa numa colecção que produzi com o objectivo de explorar amplamente esta técnica de traçado abundante, importada directamente de algum do meu trabalho de ilustração.
Mas, este concreto exemplar foi gerado num contexto especial. Foi desenhado para ir a concurso à Reial Acadèmia Catalana de Belles Arts de Sant Jordi.
O facto de, na altura, eu estar a trabalhar na série que já referi, havia já resolvido dois grandes problemas: o que desenhar (tema geral), e, que técnica utilizar para o fazer… Tratou-se "apenas" de produzir mais um elemento do conjunto já em desenvolvimento.
Para esta composição procurei um jogo de luz dramático (comum a toda a série), e, uma articulação de planos que me permitisse explorar um elaborado jogo de gradações lumínicas e texturas riscadas.
Em cima da cómoda representada num ângulo picado, e abundantemente iluminada pelo candeeiro presente em primeiro plano, coloquei um livro aberto… o livro de Algebra de meu avô.
Trata-se de um livro pequeno, forrado a papel com impressão tipo "padrão de pele de bicho", que no verso de capa tem o seu nome muito bem desenhado com letra de criança aplicada, junto com a referência "n° 19 da 5ª A". A folha de rosto encontra-se reproduzida no meu desenho, e em baixo, numa pequena mancha de texto composta em 3 linhas lê-se: "Lisboa / Imprensa Nacional / 1924". A folha de rosto tem ainda um carimbo que o tempo está a tentar consumir, relativo à livraria de Faro onde o pequeno volume terá sido adquirido. Esse fantasma de carimbo não consta do desenho.
Trata-se de um livro pequeno, forrado a papel com impressão tipo "padrão de pele de bicho", que no verso de capa tem o seu nome muito bem desenhado com letra de criança aplicada, junto com a referência "n° 19 da 5ª A". A folha de rosto encontra-se reproduzida no meu desenho, e em baixo, numa pequena mancha de texto composta em 3 linhas lê-se: "Lisboa / Imprensa Nacional / 1924". A folha de rosto tem ainda um carimbo que o tempo está a tentar consumir, relativo à livraria de Faro onde o pequeno volume terá sido adquirido. Esse fantasma de carimbo não consta do desenho.
A necessidade de enviar "a obra" para longe de casa, através de sucessivas e eventualmente pouco cuidadosas mudanças de meio de transporte, garantindo, ainda assim, que a mesma chegava ao destino em boas condições para me representar em concurso, com moldura e vidro na mais intacta e imaculada forma da sua existência, levou-me a conceber e executar uma elaborada embalagem de transporte. Cartão por fora, seguido de dois paineis de aglomerado consistente nas duas faces correspondentes às frente e verso da moldura, envoltos em película aderente impermeabilizante abraçando o conjunto, seguidos de uma grossa camada de esferovite em todas as faces, esferovite essa que era esculpida interiormente a quente, por forma a receber à justa, a moldura de madeira clara e perfil minimalista. Uma vez introduzido o conteúdo, o conjunto era então fechado com uma tampa que abraçava ainda uma pequena porção de moldura.
Em resumo – uma maravilha da construção artesanal de embalagens…
O desenho foi assim despachado.
Sabê-lo chegado, e em boas condições foi uma grande alegria.
A partir daí tudo estava então em aberto.
Da enorme quantidade de trabalhos recebidos, o júri seleccionaria perto de 230.
Havia larga margem para esperança e optimismo.
Essa selecção iria constituir a exposição desse ano. De entre esses aproximadamente 230 trabalhos escolher-se-iam os 3 premiados.
Se eu achava bastante possível a eventualidade de vir ser escolhido para integrar a exposição geral, já a selecção para os 3 trabalhos premiados anualmente me parecia bastante remota e distante.
Em resumo – uma maravilha da construção artesanal de embalagens…
O desenho foi assim despachado.
Sabê-lo chegado, e em boas condições foi uma grande alegria.
A partir daí tudo estava então em aberto.
Da enorme quantidade de trabalhos recebidos, o júri seleccionaria perto de 230.
Havia larga margem para esperança e optimismo.
Essa selecção iria constituir a exposição desse ano. De entre esses aproximadamente 230 trabalhos escolher-se-iam os 3 premiados.
Se eu achava bastante possível a eventualidade de vir ser escolhido para integrar a exposição geral, já a selecção para os 3 trabalhos premiados anualmente me parecia bastante remota e distante.
O resultado chegou daí a uns dias, por correio…
Após perceber a identificação do remetente, com emoção e expectativa abri o envelope… A área de texto impresso era pequena… seria a Reial Acadèmia Catalana de Belles Arts de Sant Jordi exímia no minimalismo escrito? Na contenção comunicativa…
Afinal apenas tinham pouco a dizer…
Resumindo o já de si resumido: o meu desenho tinha ficado de fora da abrangente selecção, e apesar da sua "evidente qualidade" iria ser-me devolvido…
Admito que foi um duro golpe, do qual demorei umas horas a recuperar.
Estou contudo certo de que a minha fantástica embalagem arrasou!!! A Catalunha rendeu-se boquiaberta à mestria patente na construção de tal contentor artesanal.
Andarei agora ainda mais atento a todo e qualquer concurso de… embalagens.
Em matéria de desenho fica aqui no entanto o compromisso assumido perante a Reial Acadèmia Catalana, por escrito, nas linhas deste blog, e ainda para mais em catalão:
… o compromisso de que este modesto desenhador…
… o compromisso de que este modesto desenhador…
… Vaig continuar practicant…
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