As máquinas estão a aprender rapidamente os modos e os ofícios humanos com os melhores de nós.
Todo o nosso conhecimento, imenso, desenvolvido e acumulado pela humanidade ao longo de milhares de anos, transgeracionalmente, a um ritmo com aceleração crescente, servir-lhe-á, à IA, de base para um grande salto em frente, o qual fará de nós, espectadores entorpecidos de uma parte do desenvolvimento futuro.
Durante algum tempo, ainda maestros da sinfonia das máquinas… depois, possível e realisticamente, já nem isso.
A história da humanidade conhecerá num futuro próximo desenvolvimentos surpreendentes protagonizados por entidades inteligentes outras que não as humanas. (Continuará depois ainda a ser a história da humanidade?)
Na actualidade, o treino de IA e o machine Learning progridem em velocidade de cruzeiro.
No encandeamento da fantástica novidade, e oculta pela luz ofuscante de alguns autênticos milagres das novas tecnologias integrantes de IA, a aprendizagem avança, por vezes subrepticiamente, de modo dissimulado, por vezes com a autorização desinformada dos seus desavisados mestres, e surpreendendo depois os originais programadores com alguns dos resultados entretanto por si autonomamente alcançados.
A muitos desses mestres, as ferramentas de IA, uma vez formadas, irão esvaziar de fito.
Os mestres da IA, serão mandatória e rapidamente suplantados.
Para os seus humanos mestres, a IA tem naturalmente guardada… a obsolescência.
Só que neste processo de tutoria não haverá lugar a reconhecimento e reverência dos formandos para com as fontes dos seus conhecimentos.
O conceito de gratidão está exclusivamente reservado a alguns recantos do universo biológico.
Em algumas áreas, o avanço da IA estará intrincadamente ligado à decadência, em paralelo, das capacidades humanas.
No mundo orgânico… o das entidades biológicas, o exercício regular de uma determinada capacidade, constitui-se simultaneamente como o meio para o apuramento de um nível de excelência no desempenho dessa capacidade (processo de melhoramento por treino), mas também, como garantia de manutenção dessa mesma capacidade enquanto recurso passível de ser convocado para realização dos objectivos do ser em causa.
Na língua inglesa, esta lógica é brilhantemente traduzida de forma simples, pela expressão: “use it or lose it!”.
Através da delegação nas ferramentas de IA dos processos de construção e operação de algumas das tarefas de que essas ferramentas serão incumbidas, a humanidade estará a abdicar, a médio prazo da sua capacidade, para a execução dessas mesmas tarefas.
Deixará posteriormente de as ter disponíveis no seu leque de recursos próprios.
Recorrendo a um exemplo simplista, a generalização do recurso às calculadoras electrónicas democratizou a realização de operações matemáticas complexas, mas representou a diminuição da capacidade de realizar operações matemáticas simples sem recurso às referidas calculadoras electrónicas. A maioria dos utilizadores destes dispositivos terá sérias dificuldades em, sem recorrer aos mesmos, efectuar uma divisão entre números integrantes de valores decimais, ou até de efectuar somas ou subtrações simples mentalmente.
Facilmente perderemos o saber fazer, comprometendo-se também a capacidade crítica para avaliar o que for feito.
Se em várias áreas este facto aparenta não ser grave, outras há em que o mesmo não se poderá dizer.
Algumas dessas capacidades sempre foram consideradas definidoras da nossa espécie… diferenciadoras da restante criação.
Mas, fará sentido encarar a realidade futura, considerando que o super potencial desta Inteligência de natureza Artificial, vai existir apenas no domínio das ferramentas submetidas à vontade e necessidade humanas?
Alguns dos mais relevantes criadores da IA duvidam.
Se no estudo de um determinado tema, a audição de pessoas que se especializaram nesse tema, ou que se encontram profundamente envolvidas no mesmo,é tida como recomendável, ou até mesmo imprescindível (atendendo à relevância das variáveis em causa), parece-me então incontornável a audição atenta ao que, sobre a IA têm para dizer os seguintes nomes (entre outros possíveis):
– Geophrey Hinton
É conhecido pelo seu trabalho no estudo e desenvolvimento das “redes neurológicas artificiais”, o qual lhe valeu o título de “Padrinho da IA”.
Em 2024 foi-lhe conjuntamente atribuído o prémio nóbel da Física (juntamente com John Hopfield), por descobertas e invenções que permitiram o “machine Learning” através das redes neurológicas artificiais”.
https://www.youtube.com/watch?v=giT0ytynSqg
– Mo Gawdat
Ex CBO (Chief Business Officer) da Google X – uma divisão de elite formada por engenheiros, a qual desenvolveu projectos para a “Dream Factory” (divisão futurista da Google)]
https://www.youtube.com/watch?v=_H-5fvzsbdY
– Eric Schmidt
Ex CEO (Chief Executive Officer) da Google (entre 2001 e 2011) e depois Chairman Executivo entre 2011 e 2015.
https://www.youtube.com/watch?v=id4YRO7G0wE
A implantação da IA nas sociedades humanas vai operar autênticas maravilhas, originando avanços estratoesféricos em diversas áreas, mas a audição atenta das opiniões destes intervenientes (entre outros possíveis), deixa bem claro que é impossível evitar a preocupação com algumas implicações destes desenvolvimentos.
Os alertas de vários especialistas estão primeiramente focados na rápida elevação do desemprego para níveis difíceis de gerir, e, no vincado agudizar das desigualdades sociais.
São também incontornáveis as referências transversais à possibilidade de impactos ainda mais negativos… entre os quais até… a eventual extinção da humanidade devido a ameaças relacionadas com o poder que a IA vai assumir no nosso planeta.
Parece algo extraído de um enredo de ficção científica, mas, quantas vezes a transposição do universo da ficção para a realidade, foi operada apenas através da evolução de uma variável… a passagem do tempo.
A IA é uma ferramenta.
Tal como um martelo, esta ferramenta pode ser usada para o bem ou para o mal.
No entanto, esta não é uma ferramenta qualquer. Esta ferramenta encontra-se embebida de características muito particulares… Ela aprende por si, com base num património pré-existente, de origem humana. Isso é com frequência um problema.
Como sabemos, uma parte considerável desse património humano, fica aquém do limite mínimo daquilo que é desejável em matéria de formação moral de qualquer entidade que se queira propensa à prática do bem… avessa à prática do mal.
Com frequência considerando um determinado tema, a análise exaustiva dos conteúdos previamente existentes relativos a esse tema, caracterizará perante
a entidade que efectua essa análise, uma realidade que fica muito aquém do patamar tido como moralmente ideal ou até aceitável, sobre essa mesma realidade. O desvio daqui resultante é muito agravado pelo facto de a referida análise ser efectuada por uma entidade amoral, desprovida da capacidade de auto posicionamento sobre a temática em causa.
A confrontação da humanidade com o lado negativo desta auto-formação da IA tem assumido por vezes contornos surpreendentes.
https://www.youtube.com/watch?v=GJeFoEw9x0M
A implantação da IA no percurso da humanidade é irreversível.
O debate desta temática não deve ter como objectivo o alarmismo, mas sim a rápida alteração dos contextos que permitam o enquadramento tecnológico, político, fiscal e social dos problemas previsivelmente emergentes desta REVOLUÇÃO.
Esta é a altura para agir.
Fazê-lo reactivamente, ou seja, depois da instalação desses potenciais problemas, poderá ser tarde demais.
Na Revolução da IA o tempo é uma variável fulcral.
Actualmente estima-se que a capacidade de processamento da IA duplique a cada 5.7 meses.
Os processos de regulação e legislação normalmente não colhem benefícios de um desenvolvimento acelerado. Por outro lado, a necessidade de consensos que lhes é característica torna-os também inerentemente lentos.
A nossa agilidade enquanto espécie ditará hoje as características do nosso futuro.
Mas contra nós… estaremos nós próprios.
A formatação necessária para a articulação ideal entre humanidade/IA exigiria entendimento, diálogo, e, intensas cooperação e articulação internacionais…
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O lançamento da nova versão ChatGPT (v5.0) acontecerá dentro de semanas, e, mais uma vez… vai surpreender e dar que falar.