Estou de volta a Gil Vicente.
Corria o ano de 1509 quando Gil Vicente viu, pela primeira vez, o seu Auto da Índia ser apresentado publicamente.
Na audiência estava nada menos que uma Rainha: D.ª Leonor.
A acção desta peça desenrola-se no espaço da casa de uma mulher adúltera, Constança, entretida com dois relacionamentos extra-conjugais durante a ausência prolongada do marido, nas peleias pelas riquezas das Índias.O enredo é mais uma vez bastante ousado, ainda para mais, tendo em conta que estamos numa época em que a influência da igreja católica nas várias dimensões da vida na sociedade portuguesa, era imensa (nada que demovesse o autor destas e de outras investidas).
Constança conta com a cumplicidade reticente da sua empregada doméstica, que alterna entre os favores dedicados à sua senhora, e as tiradas moralistas em defesa do amo ausente.