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Thursday, April 25, 2019

… a propósito do dia 25 de Abril [ Repost ]

REPOST de uma publicação anterior, no âmbito do 25 de Abril


A relação é simples e óbvia…
Mas, 
…frequentemente passamos ao lado desta evidência.
A imagem que aqui reproduzo ilustra uma ideia que, creio, importa absorver e digerir com URGÊNCIA. Essa digestão deve levar-nos imediatamente a agir no sentido de sustentarmos a base da democracia – o acesso por parte dos eleitores a informação séria, rigorosa e independente.
Existe numa faixa alargada de eleitores a ilusão de que o acompanhamento dos títulos e pequenas "notícias" que chegam até nós, por via do contacto diário e frequente com as diversas plataformas constituintes das redes sociais, e sites de informação sumária/destaques, constitui fonte suficiente de "informação" para construir e fundamentar as nossas opiniões. 
É também frequente a simples dedução de conteúdos de notícias a partir da mera leitura de um título com o qual se toma contacto através de um qualquer veículo comunicativo… Nada mais enganador.
É sabido que as vendas de jornais e revistas enfrentam uma realidade de declínio. 
Por outro lado, é fácil de deduzir que os mecanismos de visualização em diferido dos conteúdos audiovisuais informativos, permitindo ao espectador evitar os pesados blocos de publicidade que lhes estão anexados, não tardarão a alterar os padrões de aposta das marcas naquilo que é a compra de tempo de antena nos canais televisivos – dependendo das novas modalidades que vierem a ser encontradas, essa alteração poderá, a médio prazo, constituir um pesado golpe desferido contra a sustentabilidade das redacções informativas existentes nos canais de televisão.
Vivemos actualmente um período desafiante… a vários níveis. Todos sabemos.
Defendo que é fundamental racionalizar individualmente este tipo de considerações, e, como em outras áreas em que nesta fase peculiar da história da humanidade o cidadão anónimo é chamado a agir, de si dependendo o rumo dos acontecimentos a nível global, optar então conscientemente por iniciar, JÁ, as acções que mais directamente gerarão mudança.
Nesta matéria, se nada fizermos, assistiremos ao fim do jornalismo fiável, e da investigação informativa séria e independente. As nossas opiniões serão débeis… frágeis, e totalmente vulneráveis à manipulação.
Assistimos já, na actualidade, às consequências destes mecanismos, através das polémicas acções de condicionamento de resultados de processos democráticos, através da introdução de ruído informativo nas redes sociais. Estes exemplos expõem, mais do que os processos de interferência, uma assustadora permeabilidade dos eleitores a este tipo de interferência.
Contudo, se sustentarmos um sistema informativo heterogéneo e independente, manteremos o acesso a informação credível… seremos impermeáveis às "verdadeiras" "fake news".
Esta salvaguarda está ao nosso alcance, e tem um preço reduzido. É possível assinar mensalmente a versão digital de um jornal diário generalista credível por aproximadamente 6 euros. O preço médio de um menú de fast food… por mês… 
pela Democracia.

Friday, April 19, 2019

Vieira de Castro _ 75 anos _ A História do Nosso Sabor


"Desculpa-me avô…
Ainda hoje não consigo enunciar os nomes de todas as ruas, perpendiculares e paralelas, sem hesitações, e na ordem correcta… do percurso de casa até à Versailles. Isto apesar do teu gigantesco esforço…
… mas MUITO obrigado."

Os momentos em que crianças acompanham adultos em romarias para aquisição de guloseimas em quadras festivas, é positivamente marcante para as referidas crianças, e eventualmente para os referidos adultos.
Esses contextos são já por si festivos, o que ajuda à existência de um ambiente favorável ao armazenamento e preservação de memórias positivas.
Para tal, também contribui o facto de as ditas romarias terem como objectivo, trazer para casa nutrientes, regra geral, altamente calóricos, e, carregadinhos de SABORES intensos : b
Em nossa casa essa tarefa cabia maioritariamente ao meu avô.
As motivações eram várias, e transbordavam abundantemente para fora das quadras festivas, embora estas estivessem de facto associadas a picos de intensidade desta práctica.
Nesse capítulo, o Natal reunia forçosamente o maior número de iguarias, e consequentemente, de respectivas romarias gulosas. O maravilhoso bacalhau da av. da igreja, cortado em deliciosas postas altas, que eram depois cozidas no ponto, e saboreadas com grão e cove… ou o delicioso bolo-rei da Versailles, preferencialmente para o mal cozido… Uau.
Estas iguarias, adicionadas a outras, também maravilhosas mas de fabrico caseiro, geralmente confeccionadas em animados serões, encontravam-se à mesa da consoada, cercadas pela família em intensa comunhão… Que sonho.
Agora é Páscoa. Por esta altura a romaria era às diferentes variedades de amêndoas, com que se enchiam pequenas taças, que viviam a quadra em cima da mesa, sendo debicadas a cada passagem pela casa-de-jantar.
Muitas vezes estas deslocações tinham como objectivo original o mero acto de passear, e a aquisição de guloseimas surgia como um delicioso acidente de percurso. Disso eram exemplo os maravilhosos almendrados do "2000", ou, dessa mesma pastelaria do campo-pequeno, os fantásticos petit-fours.
Tantas vezes que os nossos passeios a pé se fizeram por aí.
Esses passeios diários do meu avô, a pé por Lisboa, constituíam um ritual que na família lhe está indelevelmente associado.
Fruto dos meus horários na escola, essencialmente matinais, eu tinha a sorte de ser repescado para essa actividade com grande regularidade, e, nesses dias, esses passeios assumiam para si uma dupla função. Além do exercício físico que possibilitavam, o meu avô via nesses momentos a oportunidade de me instruir no conhecimento profundo do desenho e articulação das ruas da cidade, bem como nos seus respectivos nomes. Assim, cada cruzamento era acompanhado pela pergunta:
"… e esta, como se chama?…"