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Wednesday, November 29, 2017


Quando se remexe na tralha acumulada ao longo dos anos descobrem-se relíquias.
O meu pai conseguiu encontrar o manuscrito original de "dás oliveira frutos"… o tal poema que encantou o maestro Lopes Graça, levando-o (a ele maestro) a compor música para tão poderosas e belas palavras, e a integrar o resultado no seu distinto repertório.
Pois o que o meu pai descobriu foi a folha amarelada de caderno de linhas – algo que se me perguntassem antecipadamente se era possível de ver acontecer eu atestaria com toda a certeza que não, que seria totalmente impossível de encontrar semelhante coisa no espólio de vida de semelhante talentosa mas desorganizada pessoa – cujo texto apresenta as diferenças de uma primeira versão, e as rasuras de algumas leituras críticas posteriores.
Esta descoberta foi nada menos que magia…
O documento fez as delícias dos talentosos e carinhosos membros do Grupo Coral de Queluz, que canta a peça já para mais de uma década, num maravilhoso encontro para o qual tiveram a generosidade de nos deixar participar enquanto acompanhantes do agro-poeta ; )

Já eu, remexendo a tal tralha (a minha) acumulada ao longo dos (meus) anos, descubro muito menos dignos documentos…
Não posso contudo ignorar a relevância deste boneco no meu percurso de ilustrador.
Corria o ano de 1994 (aprox.). Tomado da iniciativa e motivação de jovem universitário dinâmico, e profundamente embebido nas questões motivacionais do campo e da vida ao ar livre, ocorreu-me tentar conciliar os meus eventuais talentos de criador de bonecos, com a materialização de peças de comunicação dedicadas ao auxílio de quem trabalha nas práticas florestais. Assim, no âmbito de um trabalho escolar para a cadeira de design, dediquei-me à criação de um manual de príncipios básicos de operação de motosserras. Esta ferramenta era, à altura, a segunda maior causadora de acidentes graves relacionados com as práticas agrícolas e florestais.
Durante o trabalho de investigação para os conteúdos da referida brochura, dirigi-me ao então Instituto Florestal, na perspectiva de obter matéria prima e orientações para elaboração de um discurso útil, realista e de base factual.
Tive a enorme sorte de ser recebido por dois anfitriões magníficos e generosos – Engenheiro Pinho de Almeida, infelizmente já falecido, e Engenheiro José Gardete em quem tenho um daqueles amigos que a vida se encarrega de nos deixar ver pouco mas que reencontro sempre com grande alegria e gratidão.
Os três, iniciámos aí um longo processo que começou com uma partlha de informação e aconselhamento destes dois intervenientes para comigo, e acabou na impressão e produção pela direcção geral das Florestas (apenas em 1998) de uma edição do manual de recomendações escrito e ilustrado por mim, de acordo com a orientação técnica destes dois especialistas. Ao longo de várias reuniões de discussão e construção de conteúdos, bem como de apuramento técnico dos mesmos, estes tornaram-se nos meus primeiros clientes de um trabalho de ilustração. Estas foram na prática as minhas primeiras ilustrações concebidas com carácter profissional.
Que mais haverá para descobrir...